domingo, 21 de agosto de 2011

Em terra de nativos digitais

Pra começo de conversa, vamos para uma tendência tecnológica recente que está conquistando espaço entre as crianças: a literatura "infantil" eletrônica. Abaixo segue o vídeo de uma reportagem que passou no telejornal Pequenas Empresas Grandes Negócios (temos uma reportagem completa no virou notícia), foi justamente por causa desta reportagem que acabamos optando pela temática: avanços tecnológicos e universo infantil. Confiram:


Como podemos perceber, é na geração do futuro que está uma das maiores apostas do  mercado de e-books no Brasil. E este interesse mercantil acompanha o crescente envolvimento entre as crianças e as inovações tecnológicas. Como declarou o empresário entrevistado, Cristiano Sanches: “O mercado infantil é que o que a gente chama de nativos digitais, né? Eles pegam o Ipad, o Iphone e eles saem clicando e querendo saber o que aquilo faz, o que aquilo toca. Diferente do adulto, que fica um pouco olhando sem saber o que fazer...”, pelo visto, esta é uma das descrições que justificam o esforço e o apelo do mercado em investir cada vez mais em interatividade nas tecnologias do presente.

E é justamente esta interatividade que dá um fôlego diferenciado a imaginação das crianças de hoje, lembro-me que há pouco tempo atrás as novidades no ramo da literatura infantil traziam histórias com ilustrações em relevo (como podemos ver nesta reportagem da Veja de 1998) ou se limitavam em adaptações para a televisão ou cinema - mesmo que na maioria das vezes sem ter muito êxito - nesta perspectiva de interação, o máximo que poderia ser extraído de um livro eram as ilustrações descritivas dos personagens que nos permitiam ter ideia de como seria cada detalhe destas histórias. No conteúdo impresso, o som e o modo de falar de cada personagem ficava restrito ao imaginário de cada criança, a interpretação da obra era pessoal e ler o mesmo livro mais de uma vez nos possibilitava perceber a mesma história de uma forma bem diferente. Hoje em dia, o que se ganha em interatividade perde-se em imaginação, não há esforço para idealizar, o modo de apresentar as histórias infantis através dos e-books tornam a imaginação infantil trivial e restrita ao lugar-comum, a palavra de ordem é apenas interagir, vivenciar mais de perto o que se está a ler, sonhar acordado e antenado para não perder a animação digital que está a acontecer na palma da mão, caso a leitura venha a ser repetida causará logo exaustão pois as animações proporcionadas não causará mais surpresa, todo o percurso já foi revelado. A idealização das roupas, vozes e outros detalhes dos personagens, por sua vez, ficará por conta dos designers para que a leitura se torne mais "prática" e, consequentemente, a viagem proporcionada torne-se cada vez mais rápida, já que desde pequenos somos habituados a esperar sempre pelo novo, a não se deixar prender, nem tampouco, a perder tempo, além do mais, ainda existe e virá muita tecnologia para se consumir pela frente, o desgaste já faz parte do processo. Pelo visto, enquanto em poucas décadas atrás a imaginação era livre e corria pela mente das crianças, em terra de nativos digitais a imaginação corre pela ponta dos dedos que desliza pelas novidades cada vez mais atualizadas da tecnologia.

Por Leandro Souza

Um comentário:

  1. Adorei o blogue! Está bem dinâmico e tem como temática algo, acredito, pouco explorado nas discussões sobre comunicação e tecnologia. Desejo que ele chegue à idade adulta. Ou seja, que tenha vida longa. Sucesso!

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