segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Mamãe eu quero um Ipad!



Há algum tempo se você perguntasse para uma criança o que ela queria ganhar de presente, ela provavelmente responderia uma boneca ou um carrinho, talvez um jogo de tabuleiro. Hoje não é difícil supor que ela vai pedir algum aparelho eletrônico, pesquisas já provaram que esta já é uma realidade. Mas já faz tempo que os jogos eletrônicos, por exemplo, fazem a cabeça das crianças e agora estão cada vez mais sofisticados.

É fato que muitas mudanças ocorreram passamos pela polêmica dos celulares, que promoveu o debate sobre o uso dos celulares cada vez mais cedo pelas crianças e resultou na proibição do aparelho em muitas escolas. Hoje o celular continua indispensável, porém muito mais atrativo, assim como os Ipads, Ipods e outros aparelhos, que surgem a todo instante cada dia mais inovadores e exercem enorme fascínio sobre adultos e crianças, estes, são bombardeados pelas arrojadas propagandas que embutem o produto. Hoje, esse público amplo é aproveitado, e se antes a polêmica estava em crianças deixarem de “brincar” para entrar num mundo mais adulto, agora, se depender dos produtores, não há mais desculpas para contrariar suas inovações, já que eles aproveitaram o filão do mercado infantil para criar aparelhos exclusivos para as crianças. Mas será que podemos dizer que estes novos “brinquedinhos” preenchem de verdade a infância? Até que ponto a criança é prejudicada? Ou podemos dizer que isto é absolutamente normal nos tempos de hoje? Os esportes, as atividades em grupo são prejudicadas?

A professora da Harvard Medical School, Susan Linn lançou em 2008 o livro Em Defesa do Faz de Conta, título original: The case for make believe, que aborda como as novas tecnologias junto ao apelo comercial podem desestimular a capacidade criativa das crianças e o desenvolvimento de uma infância saudável. Ela defende que a tecnologia sofisticada e toda a publicidade envolvida nela formam uma combinação que prejudica o desenvolvimento social da criança e que é preciso assegurar as atividades infantis saudáveis como àquelas em que há o contato com a natureza.

Por outro lado, um projeto de pesquisa elaborado com alunos de graduação do Departamento de Psicologia da PUC – Rio e orientado pela professora Maria Inês Garcia de Freitas Bittencourt, apesar de constatar a imobilidade de certas crianças face o materialismo das tecnologias, percebeu que há também uma apropriação pessoal das situações de consumo no mundo virtual, um exemplo são as crianças e os adolescentes que se “transformam” em personagens de animes e desenhos animados, e para participar de concursos de fantasias envolvendo os heróis das histórias, têm de criar modelos de roupas, fazer a maquiagem e treinar a expressão e as atitudes dos personagens, além de encenar trechos do desenho através de teatro e dança, o que estimula a atividade e a criatividade.


Outra questão preocupante envolvendo este assunto é a idéia de que o consumo e a vontade de consumir são ampliados. Já que consumo e tecnologia andam de mãos dadas e as novidades tecnológicas não param. As crianças, portanto, também estão à mercê dessas mudanças e da rápida obsolescência desses produtos, logo, também são atingidas por essa ansiedade que se vê hoje entre os adultos, principalmente os mais jovens. Já temos então uma geração consumista? Ou pior, dependente? São conclusões que podem ser precipitadas, mas é importante que se discuta o problema já que as crianças não têm maturidade suficiente para entender o que realmente precisam no início das suas vidas e os prejuízos e conseqüências que podem sofrer.



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